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Xará catarinense do Corinthians sobrevive com R$ 400 mensais

sábado, 26 de novembro de 2011

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Com passado de sucesso em Florianópolis e jogo marcante em São Paulo, Corintians Pantanal pena para se manter vivo e espera ajuda do primo rico


Sede do campo do Corinthians Catarinense (Foto: Diego Ribeiro / Globoesporte.com)Sede do campo do Corintians Pantanal, em Floripa
(Foto: Diego Ribeiro / Globoesporte.com)
Se depender da torcida do xará catarinense, o Corinthians já pode comemorar o título brasileiro neste domingo, com uma vitória sobre o Figueirense no Orlando Scarpelli. Com 80 anos de vida completados em 2011, o Esporte Clube Corintians Pantanal (assim, sem "H") foi fundado graças à inspiração do clube paulista. No entanto, sobrevive com um orçamento infinitamente menor para disputar campeonatos amadores em Florianópolis: média de R$ 400 mensais, arrecadados graças a dois veteranos que contribuem com R$ 200 cada para jogar na equipe.
Mantido por menos de uma dezena de pessoas, o Timão de Floripa pena para se manter. Mal dá para pagar as contas de luz e água. Investimentos mais ousados, nem pensar. O atual presidente, Luiz Henrique de Carvalho, e o anterior, Romeu Franzoni Júnior, sofrem até para garantir pequenos reparos no campo de futebol, localizado no fim da Rua Servidão Corintians, no bairro Pantanal. O conserto de uma grade do portão, por exemplo, custou cerca de R$ 150.
O time ficou fora da terceira divisão do campeonato amador deste ano porque o gramado não tinha as medidas mínimas exigidas pela organização: faltou 1,5 metro. Não há como o espaço ser ampliado, já que a sede social fica logo ali, a alguns palmos da linha de fundo. Os dirigentes estudam até a demolição do prédio e a construção de um novo, que ficaria próximo à linha lateral, sem prejudicar as dimensões do gramado. A falta de verba, porém, faz com que nada passe de sonho.
– Já tirei dinheiro do próprio bolso para manter isso daqui. É um clube que tem muita história na comunidade, é respeitado em toda Florianópolis por suas conquistas. Mas parece que esqueceram um pouco de nós, está difícil manter – reclama Romeu Franzoni, vereador suplente de Florianópolis.

De um ano para cá, o Corintians conseguiu implantar uma escolinha de futebol para crianças e tenta tocar um projeto social que manteria a garotada longe das ruas. Pantanal é um bairro carente, de ruas estreitas, e recentemente passou a ser ponto de prostituição e venda de drogas. Os comandantes do clube lutam para mudar a imagem da comunidade.Cansado de comandar o Corintians praticamente sozinho, Franzoni passou o cargo de presidência para Luiz Henrique de Carvalho, que conta com mais assessores. O aumento da diretoria do clube permitiu até um maior planejamento. Uma das ações foi a realização de um festival de futebol que reuniu dez times amadores – apesar dos gastos, o Timão conseguiu ficar com R$ 2 mil. “Uma fortuna”, na visão de Luiz Henrique.
– Ultimamente isso aqui ficou tomado por coisas ruins, mas nós fazemos nossa parte para tentar mudar. Só que, sem dinheiro, está difícil fazer qualquer coisa. Não queremos acabar com uma história de 80 anos – disse Franzoni.
Luiz Henrique de Carvalho, atual presidente do clube Corinthians Catarinense (Foto: Diego Ribeiro / Globoesporte.com)Luiz Henrique de Carvalho, atual presidente do Timão
de Floripa (Foto: Diego Ribeiro / Ge)
A esperança é de que o primo rico conheça e se sensibilize com a história do primo pobre. O Corinthians, que enfrenta o Figueirense neste domingo, pode ser campeão brasileiro em Florianópolis. Os homônimos querem algo bem mais simples.
– Só a visita de um jogador aqui já faria toda a comunidade feliz, mas sabemos que é quase impossível. Quem sabe o Andrés (Sanches, presidente do Corinthians) não fique sabendo da nossa existência e queira dar uma passada para conhecer? – sonha Luiz Henrique.
Brilho até no Pacaembu (ou Canindé)
Nas décadas passadas, o Corintians tinha situação bem mais amena do que a atual. Fundado em 1931 graças a um padeiro corintiano que morava na cidade, o clube era forte nos campeonatos amadores e hoje coleciona taças do passado, todas alojadas em duas prateleiras de madeira compensada, que estão praticamente cedendo. A maior conquista foi a Taça Arizona em 1976, principal competição amadora de Floripa. Reconhecido no estado, o clube tentou a sorte em uma solitária partida em São Paulo.
O local, porém, é motivo de discórdia entre ex-jogadores do Timão. O aposentado Adaílton Martins, filho de um dos fundadores do clube, afirma que a partida contra o campeão paulista amador (de nome não informado) foi no Canindé, estádio da Portuguesa. Já o comerciante Aldomiro Machado, o Pinguim, vai além: diz que o jogo foi no Pacaembu, casa do primo rico. Os dois só chegam a um acordo quanto ao resultado: derrota por 1 a 0.
Com orgulho, Adaílton Martins guarda em sua casa fotos e lembranças da época em que jogava. Ele e Aldomiro foram até homenageados como “sócios honorários” do Corintians, pelos serviços prestados em tantos anos de clube.
Adailton Martins, filho do fundador do clube Corinthians Catarinense (Foto: Diego Ribeiro / Globoesporte.com)Adailton Martins, filho do fundador do Corintians 
Pantanal (Foto: Diego Ribeiro / GE)
– Todo mundo tinha medo de jogar no campo do Corintians, era um caldeirão. Lá, ninguém ganhava da gente. Espero que esses bons tempos voltem – desejou Adaílton.
– Os adversários respeitavam muito, sabiam que éramos o time mais forte de Santa Catarina. Somos até hoje o orgulho dessa comunidade – completou.
Em 2008, o clube conquistou a terceira divisão de amadores de Santa Catarina, um fio de esperança em meio à grave crise. A nova administração mostra disposição para superar os problemas diários e pensa alto. A próxima medida é mudar o distintivo e torná-lo parecido com o do Corinthians Paulista, com remos, âncora e tudo. Em busca da ajuda e querendo o sucesso do “parente”, o Corintians Pantanal aposta em título nacional no domingo.
– Quero que o Corinthians ganhe do Figueirense e seja campeão. Até porque aqui eu sou Avaí – brincou Luiz Henrique de Carvalho
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